quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Brasil, potência agrícola

Segundo reportagem publicada no site BBC Brasil:"O trabalho da Embrapa, a agência brasileira de pesquisas agrícolas, ajudou a transformar o Brasil no que o ex-secretário de Estado americano Colin Powell classificou como 'superpotência agrícola', destinado a ultrapassar os Estados Unidos como líder na exportação mundial de alimentos, segundo afirma reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal The New York Times." ¹ É fato corrente que o Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Grandes extensões de terras cultiváveis, clima com razoável média pluviométrica em boa parte do território auxiliam o país. Graças a investimentos do governo e de empresas privadas feitos ao longo de muitos anos, o país também destaca-se atualmente em biotecnologia agrária, da qual o grande expoente é a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária²). Como dito na reportagem do The New York Times, o Brasil está "destinado" a ultrapassar os EUA como maior exportador agrícola mundial. Existem porém, entre a conjuntura atual e tal realização alguns sérios empecilhos que devem ser superados. Em primeiro lugar é clara a necessidade, histórica necessidade, de uma consistente reforma agrária no país. Reforma essa que serviria tanto para melhor estruturar a configuração fundiária do país, infestada por latifúndios improdutivos e potencializar a produção com pequenas e médias propriedades produtivas, quanto para, consequentemente, reduzir os conflitos rurais, pelos quais o Pará já é chamado de "faroeste brasileiro" e desmobilizar grupos como o MST que acabam por atrapalhar em muitos casos a pesquisa agrícola no país, além de realizarem atos criminosos em geral em outros. Além disso o cuidado com o lado ambiental é essencial. Reportagem do jornal francês "Le Monde" alertou para o perigo de "asfixia" da floresta Amazônica causado pela expansão do cultivo de soja floresta. A soja é empurrada também em virtude do aumento da área cultivada de cana-de-açúcar, usada para a produção de álcool principalmente. Isso sem mencionar a destruição de outros ecossistemas como o cerrado e o assoreamento de rios gerado pelo mau uso dos recursos hídricos, o que resulta muitas vezes em desertificação como a que ocorre em certas áreas do Rio Grande do Sul. Problemas que clamam por uma maior fiscalização do governo sobre os produtores rurais. Que o Brasil é uma grande potência agrícola e ainda o pode ser mais todos sabemos. O caminho a ser percorrido entretando é tortuoso e cheio de pedras. Que o governo e a iniciativa privada auxiliem-se para que as pedras sejam removidas e o país possa se utilizar da produção primária para alavancar o desenvolvimento dos outros setores.1- http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/10/071002_nytimesembraparw.shtml2-http://www.embrapa.br/3- http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070919_amazonialemonde_pu.shtml]http://www.lemonde.fr/cgi-bin/ACHATS/acheter.cgi?offre=ARCHIVES&type_item=ART_ARCH_30J&objet_id=1005064Muito obrigado.

Matheus

2 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo Matheus!!
O governo não tem investido o necessário na agricultura, esta desperdiçando muitas oportunidades de crescimento, e também não aproveitamos algumas coisas mais econômicas como o transporte hidroviário, que é muito mais barato que o rodoviário e o indice de desperdício é bem menor.
A produção de soja brasileira não rende mais que a norte americana porque não investimos nos transportes, armazenamentos, coisas que podiam ter uma pequena melhora e gerar um enorme lucro.

Beijo

Poeta Idealista disse...

Paradoxal, não?
Embora seja considerado "potência agrícola", o país ainda exporta mais produtos industrializados.
O rural é apenas mais um reflexo da inefeciência administrativa que nos acerca desde a época da colonização, com a burrice das capitanias hereditárias. A concentração de terras é desde já um dos maiores problemas do Nordeste(e muita gente reclama da seca), no entanto, a reforma agrária mesmo fudnamental é inviável. É óbvio o problema hierárquico na região do Nordeste, desde a época de formação do coronelismo até os dias atuais.
Outro obstáculo engraçado é o sistema monomodal de veículos. E mesmo com as tentativas de integração entre as hidrovias e o rodo-ferroviário, as obras públicas acabam por abandonadas, tal como o caso do Renan Calheiros, como na estrada que ligaria João Pessoa à Amazônia. Até mesmo as estradas são emburacadas, que dirá tornar disso um Brasil multimodal. É preciso ajeitar os problemas antigos antes de criar novas soluções. É preciso consertar o campo, pra depois a cidade. Ora, se o campo for ajustado, terá consequências positivas diretas na cidade, como a diminuição do êxodo rural. O governo é falho.
E isso tudo é o Brasil, a potência agrícola.